sábado, 4 de julho de 2009

Cala a boca, Etelvina!



Certo dia, bem por acaso, deparei-me com um filme nacional na TV Cultura... "Cala a boca, Etelvina!". A protagonista era a ainda não centenária Dercy Gonçalves... Desbocada como ela só, aprontando todas e soltando umas preciosidades em preto e branco, do tipo "Vamos tomar um suco de vaca!". Pois bem! O filme não tinha nada de tão memorável assim, mas uma coisa nunca saiu da minha cabeça: aquele nome tão incomum, singular e porque não dizer esquisito: Etelvina!
Muitos anos se passaram e eu tive que me deslocar uns 3 mil quilômetros de onde morava para ter um encontro: a figura da tela transfigurou-se em um alguém em carne e osso, uma criatura que nem a ficção poderia inventar melhor. A campainha do apartamento tocou e eis que a personagem surge por trás da porta... Ela queria um copo d'água e também a minha ficha completa: de onde venho, quem mora comigo, o que é que eu faço, antecedentes... Foi um longo interrogatório, regado a minúsculos goles de água (a coisa tinha que render). No final uma breve apresentação: "Sou Etelvinha e faço a faxina do prédio todas as quintas!". Na semana seguinte, olha ela lá! Assim que avistei, cumprimentei com alegria: "Dona Etelvina! Bom dia!" E ela cheia de estranheza: "Como é que a senhora lembrou o meu nome?".

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